Ovibeja 2015

Discurso de Abertura - 32ª OVIBEJA

02/05/2015

Senhor Primeiro-Ministro,

Senhora Ministra da Agricultura,

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Beja,

Excelência Reverendíssima o Bispo de Beja

Senhor Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da ACOS,

Senhores Presidentes de Câmara,

Excelentíssimos membros do Corpo Diplomático,

Autoridades civis e militares,

Minhas Senhoras e meus senhores,

A  inauguração  desta  32ª Ovibeja por Vossa Excelência reveste-se de um significado histórico para a nossa região.

Há dois anos Vossa Excelência anunciou aqui na Ovibeja, a continuação das obras do regadio de Alqueva, antecipando a sua conclusão para os finais de 2015.

Senhor Primeiro-Ministro,

sabemos que é um homem de palavra, que concretizou aquilo que nos prometeu há dois anos atrás.

O regadio já começou a dar os seus frutos.

Mais de metade da área disponível encontra-se ocupada pela cultura do olival, num modelo moderno e competitivo.

O Alentejo já produz mais de 70% do azeite nacional e o país atingiu a autossuficiência.

A qualidade do azeite nacional é comprovada nos vários concursos a nível mundial entre os quais o único concurso internacional de azeites virgem extra – Prémio Ovibeja, promovido em Portugal e organizado por esta Associação.

Além do olival, estão a surgir na região outras culturas que têm contribuído para esta campanha do regadio.

São exemplo os frutos secos, hortícolas, o milho, até mesmo a cultura da papoila para fins medicinais.

Estas culturas estão associadas a projectos de comercialização e transformação patentes na exposição Terra Fértil representadas por novas empresas implantadas na região com a chegada da água.

A ocupação do regadio de Alqueva constitui uma situação ímpar.

A sua taxa de ocupação rapidamente excedeu todas as previsões, o que revela o grande esforço financeiro dos agricultores, na transformação de uma vasta área de sequeiro em regadio.

É preocupação dos agricultores a poupança e boa gestão da água de rega, por motivos ambientais mas também económicos.

Essa poupança será, certamente, feita com rigor pela empresa do Estado que gere, entretanto, o regadio do Alqueva.

Senhor Primeiro-Ministro,

a agricultura e a exploração de gado em extensivo ocupam, com o montado de sobro e azinho a maior área da Região.

Estas actividades encerram grandes fragilidades devido ao mercado global, às condições de clima e de solo e, mais importante ainda, à erosão humana que grassa nestas regiões do interior.

O novo quadro comunitário de apoio é agora ainda mais exigente e restritivo para estes modelos de agricultura e para o nosso tipo de floresta mediterrânica.

As obrigações ambientais, o excessivo controlo dos efectivos animais e o aumento de compromissos difíceis de cumprir, deixarão certamente muitos agricultores de fora.

Tudo isto irá contribuir para a continuação do ciclo vicioso de uma agricultura pobre, com implicações directas na desertificação humana.

Senhor Primeiro-Ministro, Dr. Pedro Passos Coelho,

a nossa associação, ACOS – Agricultores do Sul, foi criada com a finalidade de melhorar a vida dos agricultores numa altura em que se punha em causa a propriedade privada. 

Granjeou notoriedade a nível nacional e internacional e sempre fez questão de contribuir para a solução de uma agricultura moderna e rentável no nosso país.

Muitas vezes o nosso trabalho não é devidamente reconhecido e a nossa opinião não é tida em conta, devido ao modelo que está institucionalizado.

As organizações que estão na capital assumem o principal papel, por vezes em detrimento daqueles que actuam no terreno, junto dos agricultores.

Comemoramos este ano a elevação do Cante Alentejano a património Universal da Unesco.

Temos hoje aqui na Ovibeja muitas crianças a cantar em uníssono uma moda alentejana, que faz parte da nossa identidade.

No próximo sábado, juntam-se mais de 2200 alentejanos, vindos de todo o País a cantar a uma só voz.

Esta é a realidade da Ovibeja a que alguém chamou de “todo o Alentejo deste mundo”

Manuel de Castro e Brito

Top