Ovibeja 2014

Intervenção do presidente da Ovibeja na sessão inaugural da 31ª edição

30/04/2014

Discurso de abertura — 31ª OVIBEJA

Senhor Primeiro-Ministro,

Senhora Ministra da Agricultura,

Senhor Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro,

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Beja

Senhor Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da ACOS

Senhores Presidentes de Câmara,

Excelentíssimos membros do Corpo Diplomático,

Autoridades civis e militares,

Minhas senhoras e meus senhores.

É com grande honra e satisfação que recebemos Vossas Excelências, Senhor Primeiro-Ministro, Senhora Ministra da Agricultura, assim como o nosso conterrâneo, Senhor Secretário de Estado Adjunto do Primeiro- Ministro, na abertura da 31ª OVIBEJA.

Gostaríamos também de assinalar a presença do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Beja, que nos acompanha neste projecto da OVIBEJA.

De há algum tempo a esta parte, a agricultura tem vindo a assumir uma importância crescente no discurso político, recuperando de um papel quase marginal, para que tinha sido relegada.

A sociedade começa a perceber que no campo também se produz. E produz-se bem, gerando riqueza, criando emprego, fixando populações, contribuindo, enfim, para o esforço colectivo em que Portugal se encontra envolvido de recuperação da sua economia.

Esta 31ª OVIBEJA e o seu lema “Terra Fértil” pretendem ser, assim, uma montra disso mesmo.

Estão Vossas Excelências no centro de uma região agrícola em profunda evolução, talvez uma das mais significativas da história da agricultura portuguesa.

Esta evolução decorre de uma oportunidade ímpar, aberta aos agricultores pelo regadio de Alqueva, cuja conclusão está em vias de ser ultimada.

Está Vossa Excelência, Senhor Primeiro Ministro, a cumprir o que prometeu há dois anos, durante a visita que fez à OVIBEJA, o que reconhecidamente lhe agradecemos.

Este esforço do Governo tem sido correspondido pelos agricultores, numa época de grandes dificuldades, através de um investimento sem paralelo, bem visível nos nossos campos.

Esta resposta dos agricultores é também visível na grande taxa de utilização dos novos regadios de Alqueva, onde já se obtêm produtividades elevadíssimas em culturas com grande importância para a economia nacional, de que destacamos o olival, o milho, o tomate e as culturas horto-industriais, entre outras.

Na produção de azeite, registamos com satisfação o facto de Portugal ter voltado a atingir a auto-suficiência – situação que já não acontecia desde os anos 60 – tendo esta região contribuído com cerca de 72 % da produção nacional.

A agricultura tem pois, nesta terra fértil, campo para expressar todo o seu potencial, não só ao nível do contributo para a melhoria do nosso grau de auto-aprovisionamento, como também ao nível territorial, assumindo um papel de âncora, promovendo a fixação das populações e a manutenção de um território vivo e activo.

Mas, há outro modelo de agricultura além do regadio.

Há uma enormíssima fatia do nosso território que, na ausência de água, continua também a fazer agricultura extensiva de sequeiro, envolvendo a produção de cereais, forragens e a criação de gado, num sistema de agricultura em equilíbrio com o meio natural e do qual fazem também parte os montados de sobro e de azinho.

Esperamos, neste novo quadro comunitário de apoio, que a margem de decisão do Estado português ao nível do futuro Plano de Desenvolvimento Rural, se reflicta num reconhecimento do papel destes sistemas de agricultura e do seu contributo para a manutenção do equilíbrio territorial destas regiões.

Senhor Primeiro Ministro, a ACOS – Associação de Agricultores do Sul, entidade responsável pela OVIBEJA, é reconhecida pela sua dinâmica na promoção da modernização da agricultura, pelos serviços que presta aos seus associados, pelo emprego que gera e pelo seu papel como agente do desenvolvimento sócio-económico desta região.

Apenas no que se refere a pessoal contratado a tempo inteiro, a ACOS gera 62 postos de trabalho directos, a que se juntam mais de 100 colaboradores em regime liberal, particularmente nas áreas da formação profissional e da saúde animal.

Foi precisamente este espírito de modernização que nos levou a desenvolver o projecto de criação de uma Escola Profissional para os mais novos, no início da sua aprendizagem, permitindo-lhes enveredar por uma especialização na agricultura, sem dúvida a actividade com maior futuro nesta região.

Este projecto, que conta já com cerca de 6 anos, nunca foi, infelizmente, compreendido nem objecto de qualquer empenho por parte da tutela.

Sem pessoas, sem jovens e sem novos quadros técnicos especializados não haverá futuro para que se possa desenvolver e remunerar o histórico investimento no regadio de Alqueva.

Também a nossa dinâmica nos levou a conceber um outro projecto, destinado a fomentar um “cluster” do azeite.

Este trabalho em rede, que vai desde a produção até ao consumidor final é indispensável para a estruturação de um sector com um potencial exportador significativo, já materializado no peso de mais de 300 milhões de euros de exportações.

Curiosamente, este projecto não conseguiu obter financiamento no âmbito do quadro comunitário que agora termina. É nossa esperança que a região que já produz a grande maioria do azeite português, seja contemplada no próximo quadro comunitário.

Senhor Primeiro-Ministro, Senhora Ministra da Agricultura, Senhor Secretário de Estado. Estamos certos da vossa sensibilidade para a importância do sector agro-florestal e queremos agradecer o vosso contributo para a sua recente evolução, mesmo nestes tempos difíceis.

Bem vindos à OVIBEJA.

Manuel de Castro e Brito

30 de Abril de 2014 

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